A Jovem Guarda foi um movimento cultural que surgiu no Brasil durante a década de 1960, sendo responsável por influenciar consideravelmente os jovens desse período. A Jovem Guarda, além de um movimento musical, influenciou o comportamento, o vocabulário e até a forma como esses jovens se vestiam.
Inspirado pelo rock and roll e pelo soul, estilos musicais em evidência na Europa e na América do Norte, as principais influências para esse movimento cultural aqui foram The Rolling Stones, The Beatles, Elvis Presley, entre outros. Considera-se que seus grandes símbolos foram os jovens Roberto Carlos, Erasmo Carlos e Wanderléa, mas veremos outros ícones desse movimento.
A influência do rock and roll na Jovem Guarda fez com que ela fosse conhecida também como “iê-iê-iê”. Esse nome foi uma adaptação para o português da expressão “yeah yeah yeah”, presente em uma canção da banda The Beatles, um dos grandes sucessos no mundo da música durante a década de 1960.
Os adeptos da Jovem Guarda foram muito criticados na sua época por pessoas da crítica especializada e até mesmo por artistas de outros movimentos culturais. Essas críticas apontavam a Jovem Guarda como um movimento alienante porque não era engajado politicamente e tinha canções com letras simples, que não se enquadravam no que é entendido como arte engajada.
As críticas a essa condição alienante da Jovem Guarda levavam muito em consideração a situação do país, que estava sofrendo com o autoritarismo dos militares durante a Ditadura Militar. Uma parte dessas críticas vinha de cantores da MPB como Elis Regina e Jair Rodrigues; no entanto, artistas como Gal Costa e Caetano Veloso tinham visões favoráveis ao movimento.
Como surgiu a Jovem Guarda?
O surgimento da Jovem Guarda aconteceu em 1965, associado a um programa de televisão que era transmitido pela TV Record nos domingos. O programa possuía o mesmo nome que viria a ser do movimento, e sua escolha deu-se com base em uma frase dita pelo revolucionário marxista Vladimir Lenin.
Esse programa foi inaugurado na programação da TV Record em 22 de agosto de 1956, e sua ida ao ar aconteceu porque a rede de televisão havia sido proibida de transmitir os jogos de futebol das equipes paulistas. O programa Jovem Guarda veio para tampar esse buraco na programação.
O programa Jovem Guarda foi um grande sucesso na televisão brasileira, sendo transmitido ao vivo para São Paulo e retransmitido para o restante do Brasil por meio de um videotape. Os apresentadores do programa eram Roberto Carlos, Erasmo Carlos e Wanderléa, cantores em ascensão no cenário musical do Brasil.
Na época, o programa dividia espaço na grade da TV Record com outros programas do tipo, como O Fino da Bossa. Alguns historiadores entendem que uma parte das críticas dos cantores da bossa nova e MPB à Jovem Guarda possa ter vindo disto: uma rivalidade entre os dois lados pela audiência na grade da Record.
Erasmo Carlos, Roberto Carlos e Wanderléa, apresentadores do programa Jovem Guarda, da TV Record.
Erasmo Carlos, Roberto Carlos e Wanderléa, apresentadores do programa Jovem Guarda, da TV Record.
Influência da Jovem Guarda na cultura e na música
O cenário musical brasileiro foi profundamente influenciado pela Jovem Guarda, fazendo com que inúmeros artistas procurassem reproduzir o padrão musical do rock and roll e do soul. Os acordes típicos desses estilos, bem como os seus instrumentos, se popularizaram no país.
Os historiadores entendem que a Jovem Guarda atuou em duas fases. A primeira ficou marcada por regravações, com adaptação ao português, de canções de sucesso do rock and roll e do soul internacionais. Depois, as canções lançadas pelos artistas desse movimento passaram a ser autorais.
Entre canções de sucesso da Jovem Guarda, estão:
“Quero que tudo vá para o inferno”, de Roberto Carlos;
“Festa de arromba”, de Roberto Carlos e de Erasmo Carlos;
“O calhambeque”, uma regravação de sucesso de Roberto Carlos inspirada em “Road hog”, de John D. Loudermilk.
As letras das canções dos artistas da Jovem Guarda falavam de relacionamentos amorosos, festas e outras situações vividas por adolescentes. Além disso, elas traziam gírias, que se tornaram extremamente populares entre os jovens do período. Por fim, a atitude transgressora dos jovens desse movimento cultural também ficou estampada em suas roupas, tais como minissaias, calças boca de sino, entre outras.
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