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Música Internacional: O que rolava na década de 60

A década de 1960 foi marcada pelos músicos que lançaram seus sucessos que são muito conhecidos até os dias de hoje.

O som dos anos 60

Nos anos 60 o rock deixou de ser o som dos jovens e começou a ocupar espaço nas paradas musicais de sucesso.

Músicas que embalaram paixões

O amor sempre foi poliglota, e as canções de amor também.

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Nos tempos da brilhantia: A eterna elegância dos penteados dos anos 60

As influências dos anos da brilhantina permanecem inabaláveis atualmente, quando o visual retrô vai e volta à moda.

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Anos 60, década da expressão, mudança, e liberdade dos jovens

 


Desde o final dos anos 50 vinha o Brasil lutando para se libertar do complexo de “país de segunda classe”; nossa cultura popular e musical, resultante de miscigenação das culturas européia, africana e indígena, carregava a síndrome de “vice” na maioria do povo: tínhamos sido vice-campeões no mundial de futebol de 1950 no Rio de Janeiro , Marta Rocha tinha sido vice-campeã no concurso Miss Universo de 1954 e fomos desclassificados no mundial de futebol de 1954 na Suíça.


A vitória do futebol, na Copa do Mundo de 1958 na Suécia, marcava o início do sentimento de “ressurreição” do povo brasileiro como país importante no contexto mundial; o início da indústria automobilística brasileira, os momentos de glória de Pelé e Garrincha, a inauguração de Brasília em 1960, cidade projetada pelos arquitetos Lúcio Costa e Oscar Niemayer ajudaram o governo do Presidente Juscelino com o “slogan 50 anos em 5” a tirar proveito político desses fatos, aumentando o sentimento patriótico da população.


 O sucesso da bossa nova com aceitação internacional, a conquista do bicampeonato mundial de futebol em 1962 no Chile, a conquista da Palma de Ouro em 1962 pelo filme brasileiro dirigido por Anselmo Duarte “O Pagador de Promessas” em Cannes, as vitórias de Maria Esther Bueno no tênis e outras conquistas de afirmação nacional fizeram da década de 60 um período de grande exacerbação de nacionalismo. Além disso também aumentou o grau de conscientização política dos problemas e carências do povo brasileiro acirrando as disputas ideológicas entre os vários segmentos da população. Após o desastre da administração do presidente Jânio Quadros e com a ascenção de Jango Goulart em 1961 aumentaram os conflitos sociais, resultando no golpe militar de 1964.

Musica


 A cultura musical brasileira acompanhou todas essas mudanças com a afirmação da bossa nova e o surgimento das músicas de cunho social apresentadas principalmente nos “Festivais de Música Brasileira”, principalmente os da TV Excelsior e TV Record; assim surgiram  composições sociais de Sérgio Ricardo, Gilberto Gil, Chico Buarque de Holanda, Caetano Veloso, Geraldo Vandré, Teo de Barros, Torquato Neto, Heraldo do Monte, Airto Moreira, Hilton Acioli e muitos outros.

Compositores não engajados nos movimentos sociais também passaram a compor músicas de fundo social em função da censura imposta pelos governos militares da época.

 A grande divulgação de cantores americanos de rock através do cinema e  gravadoras ajudou também o nascimento do rock brasileiro com ampla divulgação da mídia nos anos 60; um dos principais incentivadores foi o compositor e radialista Carlos Imperial que  fundou em 1958 o Clube do Rock, no Rio de Janeiro, onde se apresentavam e se reuniam os amantes do rock; nesse clube iniciaram suas carreiras Roberto Carlos e Erasmo Carlos.

A parcela de público que preferia músicas oriundas do rock passou a ter seu espaço musical com programas específicos na televisão cujo ápice foi o programa “Jovem Guarda” iniciado em 1965 com Roberto, Erasmo e Vanderléia permanecendo no ar pela TV Record durante vários anos.

 Sob influência da Jovem Guarda e dos Beatles nasceu em 1967 o Tropicalismo, movimento de vanguarda liderado por Caetano Veloso, Rogério Duprat, Gilberto Gil, Júlio Medaglia e outros; suas principais composições foram Tropicália, Domingo no Parque e Alegria, Alegria onde era incentivada a universalização da música brasileira inclusive com utilização de guitarras elétricas e absorção de vários gêneros musicais: pop-rock, música de vanguarda, frevo, samba, bolero, etc.

 Assim na década de 60 três novas grandes vertentes musicais podem ser identificadas : bossa nova, músicas sociais de festivais e rock da jovem guarda; evidentemente músicas com ritmos tradicionais como samba, samba canção, músicas de carnaval e músicas regionais continuaram a ter seu espaço mas com menos divulgação e menor sucesso que as três citadas.

Síntese do que aconteceu nos anos 60 em relação à música:


.Os Beatles comandam a invasão inglesa no rock, seguidos por Rolling Stones, The Who, Bee Gees e vários outros, impulsionados pelo novo estilo, o rock, criado por Elvis nos anos 50.

.Surge a música de protesto, com Bob Dylan, Joan Baez, Peter Paul and Mary, entre outros, já nos primeiros anos da década.
.O Rock and Roll ganha crescente popularidade no mundo, associando-se ao final da década à rebeldia política.
.Na música erudita, começa a se desenvolver o minimalismo, a partir das obras de Philip Glass.


.Em 1963 surge o Clube da Esquina, importante conjunto musical mineiro, com Milton Nascimento e os irmãos Borges.

.Em 1965 Elis Regina interpreta Arrastão, de Vinícius de Moraes e Edu Lobo, e com isso surge a MPB, ou Música Popular Brasileira, no Festival de Música Popular Brasileira da TV Record.

.Início da Jovem Guarda.

.Surge o Movimento da Tropicália , em 1967. Com Caetano Veloso e Gilberto Gil, além de Os mutantes, Tom Zé e Torquato Neto.

.Em 1967 a vanguardista banda Velvet Underground de Lou Reed e chefiada por Andy Warhol lança aquele que foi considerado um dos álbuns mais influentes de sempre The Velvet Underground & Nico

Em 1969 ocorre o Woodstock, marco do movimento Hippie, nos EUA.

Enfim, pode-se concluir que os anos 60 foram marcados por ser a década da expressão, da mudança, da liberdade, da revolta jovem em busca de mudanças na sociedade, principalmente através da música. A era em que “Amor e paz, sexo, drogas e rock n’ roll” era o lema de uma libertação em busca de expressão.

Os anos 60: A Revolta Juvenil

 De 1960 a 1969, em cada ano desta década, em cada um dos cinco continentes, em quase todos os 145 países de vários sistemas políticos, o mundo conheceu a rebelião dos jovens. Ao lado das guerras – e mais do que o sexo -, as manchetes dos jornais falaram da odisseia de 519 milhões de inconformados.

 Mutantes da nova “era oral e tribal em dimensões planetárias, produzida pelas comunicações de massa”, segundo Marshall McLuhan, os jovens entre quinze e 24 anos -  um sexto da população da Terra – são ao mesmo tempo mito e desmistificadores da sociedade. Consumindo e consumidos, contestando e contestados, Êles lutaram com tôdas as armas para destruir o velho e impôr o novo.

 Na expressão dura dos jovens “enragés” ou na mansidão dos hippies, que o Arcebispo James Pike, da Califórnia, comparou aos primeiros cristãos, os anos 60 foram de luta e recusa, pacífica ou violenta, mas sempre radical.



 A revolta juvenil não é uma particularidade desta década, mas agora ela deixou de ter simples motivações psicológicas (não mais uma “crise de adolescência”) para ganhar componentes sociológicos novos e se constituir em problema social. De um dia para o outro, “a nossa esperança do amanhã” resolveu fazer o presente. Como afirmaram, era preciso deixar de ser objeto para ser sujeito da História. De eterna ameaça romântica e simbólica eles passaram a ser destruidores radicais de tudo o que está estabelecido e consagrado: valôres e instituições, idéias e tabus. Com a pressa que lhes dá a sua provisória condição e com a coragem da idade, êles afrontaram a moral vigente e arrancaram as pedras das ruas para com elas pôr por terra as estruturas da sociedade: capitalista ou comunista, de opulência ou de miséria.

 Em todos êles um máximo denominador comum: não. Mas, descrentes de tudo o que herdaram, os jovens perderam até a confiança no não que lhes tinham ensinado a dizer e criaram uma nova semântica da negação – o sim ao não – e uma nova forma de dizê-lo: a ação. Um não que podia ter a aparência de cabelos compridos, roupa suja, música estridente, pés descalços e “blue jeans”, ou assumir a forma mais ameaçadora de uma pedra na mão e uma idéia revolucionária na cabeça.




No princípio da década, repetindo na vida o que alguns ídolos dos anos 50, como James Dean e Marlon Brando, faziam no cinema, os jovens explodiram numa onda de violência sem objeto e sem sentido. De repente, como que obedecendo a um comando único, essa onda de espraiou por vários países. “Blousons noirs” franceses, “playboys” e transviados brasileiros, “beats” e “hell angels” americanos, “teddy boys” inglêses. Várias qualificações para falar de uma mesma atitude agressiva e uma mesma disposição violenta. Uma violência que se manifestava gratuitamente contra pessoas, carros, vitrinas, ou no desafio do perigo inútil: duelos a faca e canivete, corridas vertiginosas pelas madrugadas. Apenas um valor pareciam cultivar: o respeito e admiração do grupo ou da “gang”. No prazer da velocidade, no ruído ensurdecedor da motocicleta, o vento batendo no rosto e a máquina obedecendo dócil ao comando, o jovem do início da década começava a se manifestar no mesmo ritmo alucinante do “rock-and-roll”.

 Suas caras selvagens assustaram, seus gestos surpreenderam. Podiam ser o primeiro problema jovem da década, como podiam ser também “impulsos naturais da juventude”. Outras épocas não tinham igualmente passado por isso?

 Ao espalhar-se ruidosamente pelos bares, quebrando tabus (fumando, bebendo e se beijando), a “geração perdida” do primeiro pós-guerra também escandalizara as famílias, quando Scott Fitzgerald lhes revelou “êsse lado do paraíso”. (“Môças ceando depois dos bailes, às 3 horas da madrugada, em lugares incríveis, conversando sôbre todos os assuntos com ar meio sério, meio zombeteiro...”)





O segundo pós-guerra também produzira a sua geração-problema, a existencialista que se alimentava da “náusea” de Sartre e do absurdo de Camus, mergulhando, suja e despenteada, nas caves de Saint-German-des-Prés para se embebedar de absinto e das canções de Juliette Gréco. Como essas duas gerações, os nossos transviados tinham assustado a sociedade. Um susto que intranqüilizava mais pelos efeitos do que pelas causas, embora alguns vissem pelas manifestações o prenúncio de qualquer coisa de mais grave. O Presidente Kennedy chegara a dizer: “Temos os meios de fazer da geração atual a mais feliz da humanidade na história do mundo – ou fazer dela a última”.


 Ensurdecidos pelo ruído de suas máquinas, nem todos perceberam que a juventude 60 não tinha apenas aquela cara rebelde que podia variar de contôrno mas não perdia a semelhança com as de outras épocas.



Fonte: Revista Veja

A importância da amizade desde a juventude

Para o adolescente, amizade significa criar laços entre as pessoas que têm sentimentos de lealdade, proteção, intimidade, reciprocidade, ajuda mútua, compreensão e confiança. As relações com os amigos nessa fase constituem um dos principais fatores para a construção da identidade e para a definição de valores, ideias e opiniões sobre os outros e o mundo.

Por isso, os amigos desempenham um papel complementar ao da família e são fundamentais para o bem-estar mental, além de fazer bem ao coração e ao corpo.

“Amigos são importantes para desabafar, conversar, ter confiança para contar o que sentimos, o que nos deixa magoados, pedir conselhos sobre como agir em algumas situações e como enfrentar as dificuldades a nossa volta.


Também para rir, se divertir e compartilhar momentos de companheirismo e solidariedade”.

Eu tenho um amigo, o Walter Jose (foto acíma) que hoje reside em Cuiabã - MT, somos amigos desde adolescentes, uma amizade que tem mais de 50 anos. Pensando nisso publiquei esta materia.

Ademir Palácios

As baladas e costumes dos anos 60



NA CAÇA AOS BROTINHOS

Não adiantava roupa dos Beatles ou uma cuba libre na mão: beijo só rolava depois de muito namoro.

De certa forma, parecida com as atuais: um lugar para curtir, conhecer gente e ouvir música. Mas o ambiente era bem diferente. O rock, que havia estourado nos anos 50, era o principal gênero de música jovem.

No Brasil, a maior influência no som e no comportamento eram programas como Jovem Guarda e Brotos, que lançaram artistas como Roberto Carlos e Ronnie Von. Mesmo diante da difícil realidade da Ditadura Militar, eles ensinavam por que (e como!) valia a pena se divertir.


A MOLECADA DANÇOU

Nas boates, só maiores de 18 podiam entrar. Não que isso exigisse muito controle: os mais novos nem as consideravam uma opção de diversão. Para eles, as festas eram na casa dos amigos, na escola ou no clube, devidamente supervisionadas e encerradas antes da meia-noite.

DROGAS? TÔ FORA (LITERALMENTE)

Assim como hoje em dia, drogas eram ilegais. Poucos baladeiros se arriscavam. Um ou outro mais “moderninho” fumava maconha, mas sempre do lado de fora. Nos EUA, a erva ganhava espaço com o movimento hippie e dava o pontapé inicial na psicodelia.

NEM UMA CASQUINHA

Nada da pegação fácil de hoje em dia! Os casais, geralmente apresentados por amigos em comum, passavam semanas apenas conversando. Só depois rolavam mãos dadas e, talvez, um beijinho. O máximo de contato, em público, era dançar mais juntinho.

DOCINHO, MAS FORTE

Os drinques da época eram a cuba libre (rum com Coca-Cola) e o hi-fi (vodca com refrigerante de laranja). Tinham tudo a ver com a transição do público: misturavam algo adulto (a bebida alcoólica, geralmente duas doses) e algo infantil (o refri, servido até completar o copo).

O AVÔ DO DJ

A pista era animada por bandas ao vivo ou uma vitrola. A figura do DJ ainda não existia, mas, em algum lugar do salão, um discotecário “invisível” cuidava do som. Grande conhecedor de música, ele tentava trocar os discos rapidinho para não perturbar o baile.

A MODA DOS MODERNOS

Os meninos absorveram tudo dos Beatles: do cabelo comprido no corte “cuia” aos terninhos. Calças de bocas largas e paletós despojados também funcionavam. Para as garotas, quem ditava regra era a modelo Twiggy, com maquiagem bem marcada nos olhos. Pernocas de fora (em minissaias ou tubinhos curtos) ganhavam as ruas.



Fonte:mundoestranho.abril.com.br

Conseguir uma namorada exigia uma lambreta


A moda no final dos anos 50 e parte dos anos 60 era ter uma Lambreta ou Vespa. A indústria automobilística brasileira dava seus primeiros passos e comprar um automóvel era um sonho distante para a maior parte da população. Mesmo uma Lambreta ou Vespa não era para qualquer um, entretanto, ainda era um sonho que poderia ser possível.

A venda anual de veículos de duas rodas, no Brasil, está em crescimento acentuado de mais de 18% – e, se continuar nesse ritmo, entrando em circulação 2 milhões de unidades por ano, a frota de motos, em 10 anos, será maior que a de automóveis. Cinquenta anos atrás, nosso país viveu também um fenômeno que durou mais ou menos 10 anos. Foi a febre da lambreta.



Esse veículo, que hoje chamamos scooter, surgiu na Itália do pós-guerra como alternativa barata de deslocamento. Chegou ao Brasil no final dos anos 1950 e "pegou", como se dizia na época.


Propaganda da marca italiana Lambretta com os atores do filme Quando Setembro Vier. 

Esse veículo, que hoje chamamos scooter, surgiu na Itália do pós-guerra como alternativa barata de deslocamento. Chegou ao Brasil no final dos anos 1950 e "pegou", como se dizia na época.


No início dos anos 1960, filmes agora cult como Candelabro Italiano e Quando Setembro Vier (este, com Rock Hudson e Gina Lollobrigida) ajudaram na divulgação da moda e do comportamento envolvendo esse meio de transporte.

Policial aborda lambretista. Foto: banco de dados

Conseguir uma namorada exigia uma lambreta. Os jovens ricos tinham carro, claro, mas tinham que ter lambreta também. Os constantes rachas de lambretistas, e a fama de "juventude transviada", despertavam a desconfiança da polícia, que dava uma dura indiscriminada.

Você lembra da época de sucesso das lambretas?


Jovem Guarda, quem eram eles ?


Alienados, superficiais, infantis, acéfalos, donos de uma capacidade ímpar de hipnotizar as massas com truques, gestos e canções ingênuas que desviavam o foco do combate contra os militares para o comércio milionário de uma inconveniente felicidade juvenil. Quem eram eles?, perguntavam Elis Regina, Geraldo Vandré, Edu Lobo, Gilberto Gil, MPB 4, Ronaldo Bôscoli, os críticos e os jovens universitários. Como se atreviam a tomar de assalto os espaços mais nobres da TV, do rádio e dos jornais em tempos de guerra? O que é que, afinal, havia nessa tal de Jovem Guarda?

As perguntas duraram um pouco mais de 50 anos para começar a ser respondidas. A vitrine maior era o próprio programa que deu nome ao momento: Jovem Guarda. Seus apresentadores: Wanderléa, Erasmo e Roberto Carlos. “Existia o purismo do pessoal da MPB e nós lá, chegando com guitarras, equipamentos de som novos, fazendo uma revolução que começava dentro das casas. Fomos muito contestados”, diz Wanderléa, principal mulher daquela cena e que, exatamente por essa condição, viveu mais batalhas do que seus pares. “Se fôssemos realmente tão irrelevantes quanto diziam, não teríamos tomado conta do País.”

Hoje, ela fala. Absolvida dos pecados que poderia ter cometido aos olhos da patrulha da esquerda, apontada por Ronnie Von como tão cruel quanto a própria censura da direita, Wanderléa está prestes a lançar um livro de memórias, escrito com a colaboração do jornalista Renato Vieira, e é estrela de um musical em formato de documentário chamado 60! Década de Arromba, com estreia no dia 10 de abril, no Theatro Net, depois de uma temporada de cinco meses no Rio de Janeiro.

A era das revisitações às jovens tardes de domingo compreendidas entre 1965 e 1968, época de duração do avassalador Jovem Guarda, tem encorajado personagens ligados diretamente ou indiretamente ao cenário a visitar suas recordações. Jerry Adriani, que fez 70 anos em 29 de janeiro e, no momento, se recupera de uma trombose nas pernas, prepara sua autobiografia, em colaboração com o pesquisador Marcelo Fróes, para sair até o final do ano. Paulo Cesar de Araújo, o biógrafo proibido de Roberto Carlos, está prestes a entregar à editora um novo livro sobre o cantor para ser lançado no segundo semestre. E um belo documentário, Jovem Aos 50, dirigido por Sergio Baldassarini Junior e narrado por Milton Gonçalves, segue em cartaz.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.




Fonte:istoe.com.br

Músicas que embalaram paixões


Os mais jovens, mais inexperientes (uma pena; ainda bem que a juventude é uma doença que o tempo cura), não sabem o que é isso. Mas que maravilha era “Besame Mucho” com Ray Conniff e sua orquestra. Aquelas paradinhas marotas, depois do pa-pa-rã dos metais, eram uma total delícia. Nada mais fácil do que ter uma paixonite por quem sabia dançar bem nos bailinhos do começo dos anos 60 – ainda mais depois de um cuba libre.



Era a época de dançar ao som das orquestras de Ray Conniff, Billy Vaughan, Percy Faith, ou ainda Sílvio Mazzucca, Metais em Brasa, Românticos de Cuba. O estéreo ainda era uma novidade, e nem toda vitrola hi-fi o incorporava.

O que leva inevitavelmente a duas certezas. A primeira é: olha, faz um tempinho, hein? E a segunda: na época de nossas mães a qualidade era muito melhor. Eles tinham as big bands americanas, as fabulosas e originais, Tommy Dorsey, Benny Goodman, Les Brown, e até mesmo Glenn Miller. Eles tinham o jovem Sinatra e o perfeito Bing Crosby, e, aqui, maravilhas como Pixinguinha e Orlando Silva. Porque, é claro, aquelas coisas tipo Ray Conniff que nos faziam dançar e amar quando éramos bem jovens nos anos 60 eram uma diluição leve do que as big bands fizeram antes; em qualidade, eram tão fundas quanto pires.

Mas é preciso deixar claro desde já que, quando se fala de música que embala paixões, de música que nos faz sonhar de amor, ou que alivia na hora da dor de cotovelo, qualidade artística não importa nada. Fazer distinção entre “brega” e bonito é coisa de crítico – ou de quem não está apaixonado, o que é triste do mesmo jeito.


Nos anos 60, pouco depois do auge de Ray Conniff, veio, por exemplo, o começo de uma onda italiana, um balaio onde se misturavam Sergio Endrigo, Luigi Tenco, Pino Donaggio e também Peppino Di Capri, Fred Bongusto e até John Foster, e depois Gigliola Cinquetti. E quem até hoje sabe de cor ao menos o refrão de “Io che amo solo te” e “Ho capito che ti amo” também se deixou levar por “Champagne”, “Amore, Scusami” e “Dio, come ti amo”, sem problema algum. Por que não?

O amor sempre foi poliglota, e as canções de amor também. Quem não se enamorou ou namorou ou teve saudade ouvindo “Et maintenant”, “Tous les garçons et les filles” ou “F… Comme Femme”, por exemplo, mesmo não sabendo patavina de francês, que atire a primeira pedra.

Amor em espanhol, então, que é fácil de entender, sempre esteve em nossos ouvidos, assim como tinha estado nos de nossos pais. O bolerão – homenageado tão bem por João Bosco e Aldir Blanc na voz de Elis Regina em “Dois Pra Lá, Dois pra cá” – é certamente uma das mais importantes contribuições da América Latina à cultura e aos apaixonados de todo o mundo. Não há discoteca básica, nem trilha sonora de novela, nem história de amor que deixe de incluir “Solamente Una Vez”, “Contigo en la Distancia”, “Sabor a Mi”, “El Reloj” – aquele que pedia, como só os loucos de amor poderiam fazer, que o relógio não marcasse as horas.

Claro, nem só de bolero vive o amor em espanhol; canta-se a paixão também no tango, na guarânia (será que existe mesmo no Paraguai o lago azul de Ypacaraí?), na rumba, no calipso, no cha-cha-cha, no mambo, no merengue… Tanto, e de maneira tão forte, que até os americanos, que vendem sua cultura para o mundo inteiro e não gostam nada de ouvir outras línguas (eles, ao contrário do amor, são monoglotas), sempre abriram suas fronteiras à paixão cantada em espanhol. E espalharam para o mundo suas próprias versões das músicas latinas, de Ray Conniff em “Besame mucho” até os velhos LPs de Nat King Cole en español. E dá-lhe bailinhos mundo afora – Brasil inclusive, claro, e nós neles, de cuba libre ou uísque com guaraná na mão – ao som de “Aquellos ojos verdes” e “Quizás, quizás, quizás” com o sotaque horroroso na voz aveludada do grande Nat.

Há quem culpe o rock’n’roll por diversos males da humanidade, entre eles o fim da época áurea das grandes orquestras, que tanto eram capazes de embelezar histórias e sonhos de amor. Bobagem – ou no mínimo um imenso exagero. A era das grandes orquestras chegou ao fim basicamente por motivos econômicos. Elas custavam caro; viraram dinossauros dentro de uma indústria que, talvez mais que qualquer outra, quer lucro fácil, rápido e grande; as emissoras de rádio e TV, os donos de boates e teatros e a própria indústria de discos foram passando, no final dos anos 50 e nos 60, a preferir gravações feitas em estúdio (e não mais em teatros ou auditórios), com grupos menores, ou a sobrepor os sons de diversos instrumentos nas fitas master, sem a obrigatoriedade de reunir muitos músicos ao mesmo tempo.

O rock teve sua participação no processo, sim; lá isso teve. Ele chegou como um gigante poderoso, aplastrando todo o resto, abafando os demais sons. O catalão Joan Manuel Serrat, infelizmente pouco conhecido entre nós, fez uma música muito interessante sobre isso; chama-se “Cuando duerme el rock and roll”, e a letra diz que só quando o rock, o xerife do mundo, se cansa, retira suas botas e o cinturão e finalmente dorme é que podem escapulir de seus guetos e esconderijos e andar pelas ruas o tango romântico e dançarino, o bolero que ronda a lua e parapeitos das janelas, o blues sentimental, o mambo, a rumba…


Se Elvis Presley e os Beatles pareciam para nossas mães ou tias tão agressivos, barulhentos e pouco românticos quanto hoje nos parecem os Guns N’Roses, Metallica, Nirvana e Sepultura, a verdade é que todos eles souberam cantar o amor. E dançamos e sonhamos e nos apaixonamos ao som de tanta coisa que fica abaixo do rótulo amplo, impreciso e vago de rock – de “Blue moon” a “Yesterday”, de “It’s now or never” a “Something”, passando por “You’ve lost that lovely feeling”, “Do you wanna dance”, “I Started a joke”, “Stairway to heaven”, “Three times a lady”, sem deixar de fora os mais antigos “Smoke gets in your eyes” ou “Only you” ou os mais recentes “(I’ve had) The time of my life” ou “Why worry”, até que chegassem “Patience” ou “Nothing else matters”. E se essas últimas você desconhece, fique tranquila: seus filhos ou sobrinhos ou irmãos mais novos adoram.

Aliás, esse negócio de rótulo – rock ou não rock, brega ou chique – é a maior asneira. Bem no meio dos anos 60, foi sob a inspiração do rock e da guitarra elétrica que estourou no País inteiro o então Rei da Juventude, hoje para boa parte dos brasileiros o maior sinônimo de música romântica. Duvido que você conheça uma única pessoa que não tenha amado, feito amor ou desejado fazer ao som de Roberto Carlos – desde os tempos de “Nossa canção”, “As flores do jardim de nossa casa” e “As curvas da estrada de Santos” até essas últimas homenagens às gordinhas, baixinhas, míopes e – aleluia! – quarentonas. Roberto é assim uma espécie de inconsciente coletivo dos corações brasileiros. E também que mulher não gostaria de um amante à moda antiga, do tipo que ainda manda flores e apesar da velha roupa e da calça desbotada ainda chama de querida a namorada, mesmo com alguns erros do português ruim?

Roberto estava mandando tudo pro inferno quando começaram a surgir as primeiras músicas dessa geração de ouro de cantores e compositores que fez e ainda faz a cabeça e as emoções dos brasileiros que estão, como Barbara gosta de dizer, na melhor fase de suas vidas: Maria Bethania, Gal Costa, Edu Lobo, Milton Nascimento, Paulinho da Viola e, em especial, a santíssima trindade Chico-Caetano-Gil. É fascinante, é emocionante pensar e sentir que já faz 30 anos que crescemos convivendo com eles, aprendendo com eles, amando com eles. Desde “Sem fantasia”, “Avarandado” e “Pé da roseira”, nos anos 60, a “Futuros amantes”, “O motor da luz” e “Quanta”, agora nos 90 e tantos.

Tem um amigo meu que costuma dizer sempre que cada um de nós já viveu mais tempo com a música de Chico, Caetano ou Gil do que com as nossas mulheres – ou maridos, no caso das mulheres. Ele mesmo, conta, já era apaixonado por nossa santíssima trindade antes de conhecer sua primeira mulher, lá por volta de 1969; se amaram ouvindo as músicas deles, partilharam a admiração por eles, foram juntos a vários shows deles; no segundo casamento foi a mesma coisa; o terceiro está sendo igual; e se algum dia houvesse um quarto, diz ele, também seria igual. Os amores mudam, os amores passam, se transformam, quando temos sabedoria e sorte, em velhas e sólidas amizades; vêem os novos amores – e a música dessas pessoas vai embalando tudo, abençoando tudo, ao longo da passagem dos anos, das décadas. 










Fonte: informações no texto Publicado na revista Barbara, 1996. Texto de Sérgio Vaz